Carlinhos é indicado para o Nobel Os quase 25 anos dedicados ao Instituto Pró-Menor, que atua em 18 estados e ajudou na formação profissional de mais de 20 mil jovens carentes, rendeu ao suboficial da Aeronáutica Carlos Roberto dos Santos, mais conhecido como Carlinhos Pró-Menor, a indicação para o Prêmio Nobel da Paz 2010/2011. Com escritório na Ilha e projetos na Base Aérea do Galeão, o militar e empreendedor está convencido de que já é um vencedor por estar entre os 14 nomes brasileiros escolhidos, ao lado do presidente Lula e do governador Sérgio Cabral.
O resultado será anunciado nesta sexta-feira (8) na Noruega e Carlinhos Pró-Menor não se mostra ansioso. “Faço a minha parte e já estou feliz por estar na lista, junto ao presidente Lula. Espero que esta indicação coloque os refletores em direção às demais instituições de todo o Brasil”, diz sorridente Carlinhos, que já foi menino de rua e passou a infância na antiga Fundação Nacional do Bem-Estar do Menor (Funabem).
Foram as dificuldades de sua juventude que fizeram Carlinhos erguer a cabeça, criar o instituto e beneficiar milhares de crianças e adolescentes que vivem histórias semelhantes às de sua vida. Nascido no interior de Minas Gerais, o militar se mudou para a comunidade Nova Holanda, em Bonsucesso, com os pais e o irmão mais novo, quando ainda era bebê. Com a morte de sua mãe, o pai entregou os filhos a uma vizinha e garantiu que buscaria os meninos em uma semana. Mas não retornou. Sem condições de criar as crianças, a mulher entregou a custódia dos irmãos à antiga Funabem.
Carlinhos Pró-Menor relembra, entristecido, que era tratado como marginal e conhecido não pelo nome e sim pelo apelido de infância “Pantera” ou apenas por um número. “Os meus heróis eram aqueles que tinham o cabelo black power maior ou um grande baseado. Podemos adaptar esta história aos heróis dos meninos que vivem nas favelas de hoje, que são os que possuem o maior fuzil”, refletiu Carlinhos, que também é pedagogo e morou 20 anos em Tubiacanga.
Aos seis anos, Carlinhos já fugia da Funabem. “Mas as ordens de captura eram constantes. Ficava em uma cela entre dois e três dias”, lembrou angustiado. Do sofrimento de infância nasceu o Instituto Pró-Menor, que em 1983, dentre outros projetos, criou os cursos de mecânica de aviação e comissários de bordo na Base Aérea do Galeão, em parceria com a Força Aérea Brasileira.
O programa ganhou destaque em setembro do ano passado, quando Carlinhos entrou na lista dos dez maiores empreendedores sociais do Brasil, apresentada pela Federação da Indústria do Estado de São Paulo (Fiesp). Para dar continuidade aos trabalhos bem sucedidos, ele lança daqui a 15 dias uma revista, de circulação nacional, sobre responsabilidade social. “Será mais uma fonte de inspiração para quem quer fazer o bem”, destacou.
JORNAL ILHA NOTÍCIAS 08/10/2010
